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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Saída da Grécia desataria 'efeito dominó' na zona do euro


 (Brasília) 17:15 GMT

Líderes de partidos gregos: impasse pode levar a novas eleições
Uma eventual saída da Grécia da zona do euro poderia desatar uma corrida aos bancos e aprofundamento da recessão em países como Portugal, Espanha, Itália e Irlanda. O alerta é feito por especialistas em integração europeia, que traçam um cenário catastrófico tanto para a Grécia quanto para a União Europeia caso uma solução desse tipo seja adotada.
"Se a Grécia abandonasse o euro a pergunta natural seria: quem é o próximo?", explica o cientista político Dionyssis Dimitrakopoulos, professor da Universidade de Londres.
"O resultado seria uma corrida aos bancos na Espanha, Portugal, Itália e Irlanda e um efeito dominó nesses países, com o aprofundamento da recessão e mais oposição a medidas de austeridade", disse.
Pequenos partidos antiausteridade receberam ao redor de 70% dos votos nas eleições parlamentares gregas do dia 6, fazendo integrantes de Bancos Centrais europeus e representantes da Comissão Europeia começarem a falar mais seriamente sobre a possibilidade da saída da Grécia da zona do euro.
As especulações ganharam força com a incapacidade dos partidos gregos chegarem a um acordo para a formação de um governo de coalizão. O impasse pode levar a convocação de novas eleições nas quais o favorito seria o partido Syriza, de "esquerda radical", que se opõem aos cortes de gastos públicos e salários, negociados com o Fundo Monetário Internacional e a União Europeia.
Em entrevista a uma televisão italiana, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, disse, em alusão ao caso grego, que se o membro de um clube não respeita suas regras seria melhor que o deixasse.
Para Vassilis Monastiriotis, da London School of Economics, uma solução como essa significaria o colapso do projeto Europeu: "A União Europeia está baseada em uma ideia de união e solidariedade entre os Estados da região. Se o bloco não for capaz de chegar a uma solução para os que precisam de ajuda financeira e reformas, terminará sendo exatamente isso: apenas um clube dos quais os países podem entrar ou sair a qualquer momento."

Cenário argentino

Segundo pesquisas, 80% dos gregos não apoiam a volta do dracma, a moeda que circulava no país até 2001. Os únicos partidos que defendem abertamente a proposta são o Partido Comunista Grego (KKE) e o Antarsya, trotskista, que juntos não chegaram a receber 10% dos votos nas eleições do dia 6.
O problema é que, caso a Grécia decida romper seu compromisso com a União Europeia e eventualmente entre em moratória, os europeus poderiam cortar os repasses para o país. Isso deixaria os gregos sem recursos para pagar seus funcionários públicos e sem alternativas além do abandono do euro.
Um dos argumentos dos defensores dessa alternativa é que, ao voltar a ter uma moeda própria, os gregos poderiam desvalorizá-la, aumentando a competitividade das exportações do país.
Dimitrakopolous, porém, explica que os gregos são altamente dependentes de petróleo importado e uma depreciação provocaria um aumento considerável dos combustíveis. "Os gregos ficariam mais pobres e o custo de vida subiria", afirma.
Outra dificuldade relacionada a um eventual abandono do euro diz respeito aos recursos e tempo necessários para emitir uma nova moeda. Especialistas falam em um mínimo de três a quatro meses para que novas cédulas ganhem as ruas.
Além disso, é provável que nos meses anteriores a uma volta ao dracma houvesse uma corrida aos bancos e fuga de divisas. "O quadro poderia ser bastante semelhante ao da Argentina na crise de 2002, com novos protestos e enfrentamentos pelas ruas de Atenas", diz Dimitrakopolous.
"Trata-se de um cenário que não interessa nem para a Grécia nem para a União Europeia, por isso o mais provável é que os dois lados estejam ameaçando tomar medidas extremas para ter poder de barganha na hora de sentar para negociar", acredita Monastiriotis

Crise política

O acordo prevendo a adoção de medidas de austeridade é o principal ponto de impasse entre os partidos gregos.
O presidente grego, Karolos Papoulias, está empenhado em uma última tentativa de costurar um acordo desde domingo, mas o líder do Syriza, Alexis Tsipras, já disse que se recusa a fazer parte de uma coalização não liderada por seu partido.
Na eleição do dia 6, os gregos votaram em partidos menores para punir o Nova Democracia, de centro direita, e o socialista Pasok, que estiveram à frente do último governo, por aceitar tais medidas.
O grande vencedor da votação foi o Syriza, que conseguiu a segunda colocação com 16,7% dos votos, atrás do Nova Democracia, com 18,8%. Como na Grécia o primeiro colocado leva 50 cadeiras extras no Parlamento, porém, o partido governista obteve 108 assentos, contra 52 do Syriza.
No caso de uma nova votação, o Syriza teria entre 25% e 28% dos votos e o Nova Democracia ao redor de 20%.
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Sob pressão, Uganda fecha o cerco a Josephn Kony


 (Brasília) 18:43 GMT

Joseph Kony | Foto: AP
Procurado pelo Tribunal Penal Internacional, Joseph Kony está acuado, diz enviado especial da ONU
Em meio à crescente pressão internacional, a Uganda deu mais um passo nesta segunda-feira rumo à captura do chefe do Exército da Resistência do Senhor (LRA, na sigla em inglês), Joseph Kony, com a prisão de Caesar Achellam, um dos cinco líderes mais importantes do grupo.
Na avaliação das Nações Unidas, a detenção é um claro sinal de que o cerco está se fechando contra Kony, que é procurado pelo Tribunal Penal Internacional por recrutar milhares de crianças como soldados e por transformá-las em escravas sexuais, assim como a morte de civis, violações e mutilações.
Achellam integrava o LRA há mais de 20 anos e foi preso na República Centro-Africana após um combate entre militares ugandenses e um grupo de 30 rebeldes. Sua mulher, uma filha e um ajudante também foram presos.
"As últimas informações que temos é que, ao invés de permanecer um ou dois meses no mesmo lugar como Kony fazia, ele agora precisa mudar de local quase que diariamente", disse Abou Moussa, representante especial da ONU para a República Centro-Africana.
"Encontramos vestígios de seus acampamentos e os rebeldes detidos nos informaram de seu estado atual. A pressão está fazendo efeito", acrescentou.
Kony ficou conhecido em todo o mundo após o vídeo "Kony 2012", feito pela ONG americana Invisible Children, ter sido assistido por milhões de pessoas na internet. O chefe da organização defendeu um esforço da comunidade internacional para levar o africano à Justiça.
Cerca de 10 milhões de usuários assistiram ao vídeo de meia hora e várias celebridades, incluindo os músicos P. Diddy e Rihanna, publicaram o vídeo em seus perfis oficiais no Twitter.
Para o porta-voz do Exército da Uganda, Felix Kulaigye, a prisão de Achellam é um sinal importante de que os esforços estão indo na direção certa.
"Sua captura sem dúvida causará uma mudança de opinião dentro do LRA", disse.
Na busca a Kony, o Exército da Uganda recebe a assistência de militares de outros países africanos e de forças especiais dos Estados Unidos.

Atrocidades

As forças de Kony são acusadas de atrocidades em Uganda, na República Democrática do Congo, na República Centro-Africana e no Sudão do Sul desde os anos 1980.
Em outubro passado, o presidente americano, Barack Obama, anunciou o envio de cem soldados das forças especiais a Uganda, para ajudar a capturar Kony.
Joseph Kony e seus aliados próximos são procurados pelo TPI desde 2005. A sua campanha no norte de Uganda começou há mais de 20 anos, quando eles diziam estar lutando por um "Estado bíblico" e pelos direitos da população acholi, que habita a região.
O LRA é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos, e agora opera principalmente em países vizinhos a Uganda.
O grupo é conhecido por sequestrar crianças, forçando os meninos a combater como soldados e usando as meninas como escravas sexuais.
Em 2008, Kony se recusou a assinar um acordo de paz com o governo de Uganda, quando descobriu que não poderia garantir a retirada dos mandados de prisão do TPI.
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sexta-feira, 11 de maio de 2012

Adolescente de 14 anos acusa PMs de estupro na Região Serrana do RJ


Caso aconteceu em Teresópolis; PM afastou quatro policiais das ruas.
MP vai analisar caso após receber denúncia do Conselho Tutelar.


Do G1 RJ




Uma jovem de 14 anos acusa policiais militares de estupro. Conforme mostrou a reportagem do Jornal Nacional, desta sexta-feira (11), o Ministério Público recebeu a denúncia do Conselho Tutelar e vai analisar o caso, que aconteceu em Teresópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro.
A denúncia está guardada na gaveta da delegacia de polícia de Teresópolis. A jovem diz ter sido violentada no início do mês passado. Ela prestou depoimento na delegacia ao lado da avó e de uma representante do Conselho Tutelar.
A adolescente contou que estava num posto de gasolina, na estrada de Teresópolis, com uma amiga que, depois, a deixou sozinha. No registro de ocorrência, ela conta que telefonou para a Polícia Militar e disse que a mãe tinha sumido e que estava sem lugar pra dormir.
Obrigada a ter relações sexuais
A jovem afirmou que, logo depois, chegou uma viatura com dois policiais militares, que pediram para ela entrar. De acordo com o depoimento, um dos policiais parou o carro na estrada. Era noite e o local estava escuro e deserto. A jovem revelou que foi obrigada ter relações sexuais com os dois PMs, ao lado do carro da corporação.
A adolescente contou que depois eles a entregaram a outros dois PMs, debaixo de um viaduto, e em seguida a levaram para outro bairro. Ela disse que teve relações sexuais com um dos policiais e que o outro ficou apenas olhando. A vítima afirmou que, em seguida, os PMs a deixaram na casa da avó.
O caso foi registrado na delegacia há mais de um mês. Mas, até agora, a investigação não avançou. O delegado, que não quis dar entrevista, informou que ainda não intimou nenhum PM a prestar depoimento por falta de tempo.
A Polícia Militar abriu inquérito para investigar o que aconteceu e afastou os quatro policiais das ruas. Os PMs continuam na corporação, mas fazem apenas serviços administrativos.
Por questões de segurança, a menina foi levada para um abrigo em outra cidade. A Chefia de Polícia Civil informou que os PMs serão intimados a depor na próxima semana.
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Em 5 dias, 20% dos membros da CPI consultam documentos sigilosos

Dos 64 com direito a consulta, 13 pediram acesso a sala reservada.
Sala é monitorada por câmeras; parlamentar assina termo de compromisso.


Iara Lemos e Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasília


A secretaria da CPI do Cachoeira registrou desde a última segunda-feira (7) pedidos de acesso de 13 parlamentares aos documentos sigilosos que estão na sala reservada do Congresso onde estão armazenados os inquéritos sob segredo de Justiça determinado pelo Supremo Tribunal Federal. A sala começou a funcionar na última segunda, por determinação do presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB).
Esses 13 parlamentares representam 20% dos 64 integrantes da comissão (32 titulares e 32 suplentes) que têm direito de consultar a documentação. A CPI investiga as relações de políticos e autoridades com o contraventor Carlinhos Cachoeira, preso em fevereiro pela Polícia Federal, apontado como chefe de uma quadrilha que explorava jogo ilegal em Goiás.
O acesso à sala reservada é feito somente na sala reservada, montada no subsolo do Senado Federal e monitorada por câmeras. Na sala, há dez computadores disponíveis. Quem entra precisa assinar um termo de compromisso e deixar qualquer aparelho eletrônico em uma gaveta do lado de fora.
A sala possui uma câmera na porta, que vigia a entrada da sala, e uma dentro, que monitora a sala, mas não identifica o conteúdo que está sendo lido nos monitores. Não são permitidas cópias dos documentos.
Segundo a secretaria da CPI, na primeira semana, pediram acesso à sala os senadores Vanessa Graziottin (PCdoB-AM), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Vital do Rêgo (PMDB-PB) e Álvaro Dias (PSDB-PR), e os deputados Irís de Araújo (PMDB-GO), Luiz Pitiman (PMDB-DF), Miro Teixeira (PDT-RJ), Carlos Sampaio (PSDB-SP), Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Silvio Costa (PTB-PE), Vieira da Cunha (PDT-RS), Paulo Teixeira (PT-SP) e João Magalhães (PMDB-MG).
Os suplentes têm o mesmo direito dos titulares de acessar os documentos encaminhados à comissão, participar das sessões e encaminhar requerimentos. O direito ao voto é restrito ao titular ou ao suplente que assumir no lugar de um titular.
Além dos integrantes da CPI, o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), também permitiu o acesso aos documentos sigilosos de um assessor por integrante da CPI. Para tanto, o parlamentar precisa encaminhar um requerimento à comissão indicando o nome do assessor e pedindo a liberação.
RestriçõesIntegrantes da CPI reclamaram das limitações de acesso determinadas pelo presidente da comissão e também criticaram o fato de que alguns documentos não estão completos.
Segundo Cássio Cunha Lima, em parte dos documentos, é preciso uma senha do STF para poder analisar o material.
“Você perde um tempo impressionante. Eu saí de lá [da sala] porque não adianta tentar pesquisar. Já é a terceira vez que ligo para a secretaria do STF para pedir uma senha”, reclamou o senador.
Segundo a secretaria da comissão, a senha do Supremo que permite acesso a alguns documentos já foi solicitada e está disponível aos parlamentares. Ainda nesta sexta, o presidente da comissão encaminhou um ofício ao STF pedindo detalhes sobre o material encaminhado.

No requerimento, Vital do Rêgo argumenta que os delegados da Polícia Federal responsáveis pela Operação Vegas e Monte Carlo, que prestaram depoimento à comissão nesta semana, afirmam que a Monte Carlo teria sido desmembrada. A CPI quer saber se todos os documentos da operação foram disponibilizados aos parlamentares.
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Polícia indicia Thor Batista por homicídio culposo


Ele atropelou e matou ciclista na Rodovia Washington Luís, em março.
Laudo diz que filho de Eike dirigia em zigue-zague e bateu a 135 km/h .


Do G1 RJ




Quase dois meses após o acidente que terminou com a morte de um ciclista, a polícia indiciou o estudante Thor Batista, filho do empresário Eike Batista, por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. A informação foi antecipada com exclusividade pelo RJTV nesta sexta-feira (11). Segundo o inquérito, Thor dirigia de maneira imprudente e a 135 km/ h no momento do acidente.
O inquérito será entregue ao Ministério Público na segunda-feira (14). Os promotores vão decidir se ele será denunciado ou não à Justiça.
Os advogados Márcio Thomaz Bastos e Celso Vilardi, que defendem Thor Batista, contestam o laudo da perícia. A defesa disse que é impossível compreender como os peritos chegaram à velocidade de 135 km/h. Em nota encaminhada ao G1, os advogados esperam que o inquérito seja arquivado.
Em 17 de março, Thor atropelou o ciclista Wanderson Pereira do Santos, na Rodovia Washington Luís, na altura de Xerém, na Baixada Fluminense.
Laudo do caso Thor Batista (Foto: Divulgação/Polícia Civil)Laudo do caso Thor Batista
(Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Laudo foi decisivo
Para o delegado responsável pelas investigações do caso, Mário Roberto Arruda, da 61ª DP (Xerém), o laudo pericial sobre a velocidade de Thor no momento do acidente foi decisivo para o indiciamento. De acordo com o documento, o estudante estava a 135 km/h no momento do atropelamento. O limite na rodovia é de 110 km/h.
De acordo com o depoimento de testemunhas, pouco antes do acidente, Thor Batista dirigia em zigue-zague. Ele ultrapassou um ônibus e um carro pela direita, o que é proibido. Em seguida, segundo a investigação, voltou para a pista da esquerda e logo depois houve o choque com o ciclista.
A força do impacto foi tão grande que o corpo do ciclista Wanderson Pereira dos Santos foi arremessado a 65 metros de distância.
Thor e ciclista culpados
Para o delegado, ele e o ciclista foram responsáveis pelo acidente, já que a vítima tinha ingerido bebida alcoólica e atravessava de maneira perigosa a rodovia.
“Seria o que nós chamamos de culpa concorrente. Os dois contribuíram para o evento”, explicou o delegado.
No dia 10 de maio, pelo Twitter, Thor Batista comparou o acidente em que ele se envolveu com a morte de outro ciclista, atropelado por uma motorista, no Espírito Santo.
Thor escreveu na rede social: "ela estava bebada (eu fiz bafometro deu 0,0 tenho o comprovante), ela nao tem CNH (a minha continua valida ate o dia em que O DETRAN INSTAURAR UM PROCESSO E SUSPENDER A CARTEIRA (isso ainda nao ocorreu). Ela tentou fugir ( eu prestei socorro)."
Veja abaixo a íntegra da nota dos advogados de Thor
A assertiva de dois peritos a propósito da velocidade empreendida pelo carro dirigido por Thor Batista, "com base em leis físicas oriundas da mecânica newtoniana", é inaceitável e causa indignação, uma vez que desacompanhada de qualquer método ou cálculo explicativo. Da forma como lançada no documento, a velocidade é uma afirmação que se traduz em peça de ficção científica, sendo impossível compreender, inclusive, como os peritos chegaram ao resultado.
Não bastasse, laudo particular, levando em conta os mesmos dados contemplados no laudo oficial, determina que o carro estava entre 87,1 e 104,4 Km/h e explica que só há um método confiável, de acordo com toda a doutrina que trata o tema, para efetuar a estimativa: o método de Sirle, que leva em consideração a distância entre o corpo da vítima e o local do acidente. A partir desses dados, o referido laudo percorre um caminho absolutamente científico e lógico-causal para chegar a tal conclusão.
Desta forma, confiamos no arquivamento do inquérito policial, tendo em vista que Thor Batista não deu causa ao trágico acidente.

Márcio Thomas Bastos
Celso Vilardi -Advogados




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segunda-feira, 7 de maio de 2012

PGR diz que vai pedir inquérito sobre elo de Cachoeira com Perillo


Governadores de GO e do DF são citados em escutas da Polícia Federal.
Procurador pediu dados ao TCU e à CGU sobre contratos da Delta no Rio.



Marcelo ParreiraDo G1, com informações do Jornal Nacional


O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, informou nesta segunda-feira (7) que irá pedir a abertura de inquérito para apurar as relações do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, acusado de comandar uma quadrilha que explorava jogos ilegais e preso desde o fim de fevereiro. O procurador disse também que avalia pedir abertura de novo inquérito sobre o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT).
Escutas telefônicas obtidas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo apontam que pessoas ligadas a Perillo atuavam em favor de Cachoeira. Áudios apontam que ele pode ter recebido dinheiro do contraventor, o que foi negado pelo governador de Goiás.

Perillo tem foro privilegiado no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e só pode ser investigado em inquéritos autorizados pelo tribunal.
O procurador afirmou que o pedido de abertura de inquérito deve ser feito por conta de uma solicitação do próprio governador. "Como o próprio governador se diz interessado que sejam devidamente apuradas estas notícias, nós devemos, diante desta manifestação, pedir ao STJ [Superior Tribunal de Justiça] a instauração de inquérito", afirmou.
Sobre o governador Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, Gurgel lembrou que já existe um inquérito que investiga o governador no STJ em relação a convênios com ONGs, mas não relacionado a Cachoeira. Dados da Operação Monte Carlo, segundo ele, podem motivar a abertura de novo inquérito.
"Há outros fatos que estão sendo agora examinados pela Procuradoria Geral e que poderão vir a motivar novos inquéritos", afirmou Gurgel ao ser perguntado sobre Agnelo. No dia 24 de abril, a Procuradoria havia informado que Gurgel pediria o inquérito ao STJ, sem informar data.

Agnelo afirma não ter relações com Carlinhos Cachoeira e nega que seu governo tenha atendido a pedidos do bicheiro ou de pessoas ligadas a ele.
Cabral
De acordo com Roberto Gurgel, não há "qualquer iniciativa" de abertura de inquérito a respeito do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). No entanto, ele afirma ter pedido a órgãos de controle informações sobre contratos da empreiteira Delta no Rio. Segundo o PGR, os ofícios foram encaminhados ao Tribunal de Contas da União, à Controladoria Geral da União e também à Procuradoria da República no Rio de Janeiro.
"É um momento absolutamente preliminar para essas informações iniciais. Não há ainda qualquer iniciativa no sentido de instauração de inquérito", disse o procurador. Segundo Gurgel, a existência de contratos da empreiteira relativos à Copa do Mundo de 2014 justifica a federalização dos dados.
Nas últimas semanas, foram divulgadas fotos do governador Sérgio Cabral em festas com o ex-dono da construtora, Fernando Cavendish. A Delta está no foco das investigações da CPMI que investiga as relações do contraventor Carlinhos Cachoeira com políticos e empresas.
Escutas sobre Agnelo
Em um dos diálogos, Marcello Lopes, ex-assessor de Agnelo, fala com Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, suspeito de ser um dos principais auxiliares do contraventor Carlos Cachoeira. No áudio, Idalberto Matias, é tratado pelo codinome Chicão.
Marcello: Teve uma reunião, Chicão, entre o Agnelo; Agnelo, o Rafael e João Monteiro, agora esses dias. E o Agnelo falou para o João diretamente, isso foi o Cláudio me contando, pra cuidar da Delta, pra deixar tudo, pra não dar problema nenhum no lixo.
No diálogo são citados João Monteiro que é o ex-diretor do Serviço de Limpeza Urbana de Brasília (SLU), exonerado na última semana; Rafael seria Rafael Barbosa, secretário de Saúde do governo do Distrito Federal; e Cláudio seria Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta no Centro-Oeste.
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, foi citado nominalmente em conversas gravadas em abril do ano passado pela Polícia Federal. A gravação faz parte da Operação Monte Carlo.
Áudios sobre Perillo
Segundo o blog do jornalista Mino Pedrosa, ex-assessor de Cachoeira, o governador Marconi Perillo recebeu R$ 500 mil, numa caixa de computador, como parte do pagamento de negócios com o bicheiro. A entrega teria sido feita pelo ex-vereador do PSDB de Goiás, Wladimir Garcez, dentro do Palácio das Esmeraldas.
De acordo com gravações, feitas com autorização da justiça, no dia 10 de junho, Carlinhos Cachoeira conversa com Geovane Pereira da Silva, um dos principais responsáveis financeiros da quadrilha. O relatório da Polícia Federal diz que os diálogos se referem à entrega de dinheiro no Palácio do Governo de Goiás.
Geovane: E aí, posso mandar?
Carlinhos: Pode. Manda ele esconder ai.
Geovane: Tá numa caixa de computador, né?
Carlinhos: Tá.
Dois minutos depois os dois voltam a conversar. E o bicheiro fala onde será a entrega.
Carlinhos: Cê contou?
Geovani: Acabei de conferir.
Carlinhos: Então lacra aí, entrega pro Gleybão entregar pro Wladimir lá na praça lá, ele está lá na praça lá perto do palácio. Fala pra ele passar lá e deixar.
Geovani: Ok.
Em nota, o governador Marconi Perillo disse que é irresponsável, leviana, inverídica e despropositada a denúncia. Fala ainda que nunca tratou no palácio de qualquer assunto que não fosse de interesse do governo de Goiás.

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